Fim de Uma Era

Livraria do Estudante encerra atividades neste sábado

Difícil encontrar alguém que mora em Varginha há mais de vinte anos e não tenha entrado na Livraria do Estudante.  Depois de 50 anos, a livraria fecha suas portas neste sábado. Clique abaixo para ler mais.

Era um dos dois únicos lugares onde meu pai abriu uma conta para eu comprar o que quisesse. Além da Livraria do Estudante, quando criança eu também tinha conta na banca de revistas da dona Maria Palmieri. Há meio século, a Livraria do Estudante tinha status de ser uma das principais empresas da cidade.
As pessoas cultivavam o hábito da leitura como se fosse parte dos cuidados pessoais. E é. Varginha tinha um jornal semanal com 2.000 exemplares enenhum erro de português. As pessoas se reuniam para ler o jornal, para falar sobre o livro que compraram, para conversar.

A internet tem a virtude de aproximar as pessoas de uma forma mais instantânea. Mas matou o sabor da conversa, acabou com a liturgia da leitura do jornal entregue pela manhã, quando o leitor aguarda a publicação enquanto o café é preparado. E, aos poucos, vai eliminando o costume de ir à livraria pelo prazer de ver as capas dos livros e, encontrando um que lhe agrade, comprar, levar para casa, colocar na cabeceira da cama e ler aos poucos, à noite ou no final de semana. O imediatismo da internet faz com que a pessoa leia a resenha, em vez do contato com o livro. E o pior: desensina, assim como o episódio do governo federal dos livros didáticos.

José Ricardo Pereira lidou na Livraria do Estudante por mais de 50 anos, contribuindo para o incentivo à cultura. Ele se emociona: “Escrevemos durante este período uma bonita história de sucesso, honestidade, e sobretudo dedicação ao livro e à cultura. Nos últimos anos, em função das novas tendências tecnológicas de venda on line e de formatos eletrônicos de informa ção, a venda tradicional do livro tornou-se inviável. Mas é com o espírito de dever cumprido que despedimo-nos e agradecemos aos amigos, colaboradores, clientes e fornecedores que participaram dessa história”. Assina a carta, além de José Ricardo, o Jeremias, sempre presente e atencioso em todos esses anos. (Foto: Alfredo Júnior)

Fonte:Blog do Madeira
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